Marcada pela ousadia de inserir uma peça dentro de outra, em A megera domada Shakespeare está mais maduro no discurso, sobretudo no cômico, que se pode observar com a dinâmica do jogo cênico, entre o diálogo presumidamente natural e o diálogo teatral, criando uma hermética compreensão, nos aludindo a crer que a personagem Sly, um funileiro, esteja fora da peça, e que há uma outra peça que é o seu sonho, ou mesmo a peça encenada pela Trupe de Atores a qual ele vai assistir. Ler A megera domada é abrir portas para um universo de reflexões, por meio de Catarina e Petrúquio, sobre tradições, costumes, sobre as angústias e desejos humanos, diferentemente de suas tragédias, de um modo mais aprazível, por meio da comédia ― trazendo espirituosa e jocosa construção das ações e diálogos.