É difícil ler o “Diário do subsolo”; é doloroso aceitá-lo. Com uma precisão quase clínica, Dostoiévski traça neste livro o perfil de uma pessoa que, marginalizada social e moralmente, procura vingar-se do mundo inteiro ao qual atribui a culpa de sua humilhação. A rebelião existencial do indivíduo reduzido à condição de uma “reles mosca” dá início à minuciosa análise das questões cruciais de poder, justiça e liberdade, cujo frágil equilíbrio se reveste de especial importância em nossa época de revisão e contestação dos valores eternos. Abordando-as de modo lúcido e cortante, o gênio das letras russas deixa à humanidade seu aviso atemporal – Cuidado com o subsolo da alma, que suas portas estão sempre abertas!